
Recentemente pudemos observar um aumento nos estudos envolvendo substâncias psicoativas para tratamentos psicológicos e psiquiátricos. Em Abril e Maio do ano passado (2021), foram publicados dois artigos, em duas das revistas científicas mais respeitadas do mundo, “The New England Journal of Medicine” e “Nature”, trazendo resultados consolidados referente ao uso de psicodélicos como LSD e a Ayahuasca no tratamento da depressão. O próprio “The new york times”, mencionou uma “revolução” na psiquiatria ao tratar do uso do MDMA e Psilocibina. Com isso, podemos perceber que a ciência mundial está em uma nova etapa com relação ao tema.
A metilenodioximetanfetamina (MDMA) é uma substância sintetizada em laboratório, transformada em cristais incolores que normalmente são misturados com água e cujo efeito causa euforia, sensação de bem-estar e alterações sensoriais. Utilizado no mundo inteiro, o “MD” ficou popular entre os jovens, principalmente em festas raves.
Porém, atualmente a substância vem ganhando popularidade na comunidade médica para tratamentos de TEPT (transtorno de estresse pós traumático). O TEPT é uma doença complexa e que se caracteriza por alterações envolvendo quatro principais núcleos de sintomas: a evitação, a presença de sintomas que fazem com que o paciente reviva a experiência, alterações negativas na cognição e no humor e alterações na excitação e reatividade. Isso se dá após a exposição a um evento traumático, que pode ser um desastre natural, uma violência sexual ou outras formas de eventos que ameaçam a vida.
“Com o MDMA, enfim tratei uma tentativa de estupro que por anos me paralisou”. Conta em entrevista para a Marie Claire, Ísis, uma estudante de direito de 37 anos. Em 2018, depois de tentar o que a medicina tradicional poderia lhe oferecer para lidar com o trauma e suas cicatrizes, começou um tratamento inovador com MDMA, psicotrópico e princípio ativo do ecstasy. Hoje, um ano depois, se sente enfim curada e viva de novo. “O MDMA permitiu que eu me comunicasse com meu interior. Pude falar, gritar, tudo que meu corpo precisava expressar “. diz a estudante.
O tratamento de estresse pós-traumático com MDMA já é uma realidade em alguns países do mundo, e vem chegando ao Brasil aos poucos, onde deverão ser realizados testes para analisar o impacto da substância quando utilizada em terapias com acompanhamento de psicoterapeutas profissionais.
No cérebro, o MDMA diminui a ação da amígdala. Ou seja, a substância diminui sintomas como o medo e a ansiedade. Além disso, a pessoa também se sente mais confiante, mais alegre, comunicativa e feliz.
Após a guerra contra as drogas ser iniciada em 1960, os estudos com relação ao tema foram praticamente extintos, por isso é necessário um passo de cada vez com o avanço das pesquisas, para que seja implementado na sociedade da forma mais saudável possível. Os estudos com relação a essa substância já acontecem há pelo menos 10 anos em vários países e o Mdma tem sido testado em diversos pacientes com TEPT, principalmente veteranos de guerra. Segundo os resultados publicados na revista científica Nature, o tratamento com MDMA teve 83% de sucesso. Avaliados quatro anos depois, os pacientes tratados não mostraram retorno do TEPT.
Contudo, ainda se carece de evidências suficientes que suportem o amplo uso da psicoterapia associada ao MDMA em relação aos tratamentos convencionais. O Brasil segue em fase de testes com relação ao mesmo e só nos resta aguardar os próximos capítulos, deste que é sem dúvida um grande avanço para a história da ciência.
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Bruna Bronholo Alves

Dj e produtora no projeto Homanoff e proprietária no evento Lupercália, Bruna Bronholo Alves entra pro time de redatores da Hï BPM para agregar seu conhecimento e experiência e poder compartilhar informações sobre todo o cenário do trance mundial.